quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Parte Final

E eles correram em busca do perigo. Neste momento Jonathan estava fugindo a toda velocidade, mas com viaturas da polícia cercando o perímetro, ele não tinha como pegar um táxi ou outro meio de transporte, tinha de ser á pé.

Mia estava pensativa: “Aquele maluco não tem mais como fugir. Eu mesma terei o prazer da acabar com ele. Como ele pôde?” E de seu rosto escorreu uma lágrima. No meio da correria, Richard reparou no desespero de Mia e perguntou:
-O que foi? Por que você está tão aflita?
-Maira. Mais uma pessoa querida se foi. E ela estava grávida! Ela ia me dar um afilhado! Uma pequena chance de nascer mais alguém no mundo que desse a esperança de um lugar melhor. Aquele idiota não tem coração. Eu imagino, porque tudo isso tinha que acontecer comigo? Não pode. Ninguém no mundo tem o direito de sofrer como eu. Ninguém merece isto, nem o próprio Joh. Mas ele foi lá e fez isso! E eu me pergunto: Que porcaria eu fiz, para receber tudo isso? Eu devo ter cometido um erro muito grave. Um erro sem perdão. Talvez eu sofra mais ainda, até a morte.
-Por favor, pára! Eu não gosto de te ver assim. Tudo vai acabar bem, você vai ver. Pare de chorar. Não quer me ver chorar também.
Eles olharam para frente e viram Joh. Todos os policias foram para cima dele e o algemaram. Ele olhou firmemente para uma direção: os olhos de Mia. Mia, tremula, mas corajosa, ergueu a cabeça e disse:
-Acabou. Pronto. Você não vai mais matar ninguém. Saiba, que você perdeu chances de ser muito feliz com quem te amava de verdade.
-Você não me amava. Era só eu sair de cena que você me traía.
-Você não tem provas de que eu te traí, e mesmo assim, por que se casou comigo sem me amar? Sem confiar em mim? Por que não se separou? Se não confiava em mim, era só me deixar se separar, nem era para casar comigo. Se você tinha ciúmes, porque não encontrou outra pessoa que confiasse? Sabe, eu gostava de você e tinha certeza de que você era a pessoa certa para mim, mas acho que você não achava o mesmo de mim.
-Me dá mais uma chance Mia? Vai ser diferente desta vez – Disse Joh, com lagrimas nos olhos.
-É tarde demais para pedir mais uma chance. Agora que você já matou as pessoas que eu gostava, me fez sofrer tanto!
- Mia, me entenda! Eu fiz tudo isso por amor.
-Para mim, isso não é amor. Fazer uma pessoa sofrer tanto como eu sofri? Não é amor.
- Mia, eu não queria te perder!




E Mia gritou:
- Você me ameaçou de morte Joh! Você queria me perder!
-Era tudo uma...
-Brincadeira? Não. Você não estava em um videogame de luta, você estava na vida real. Isso não foi brincadeira, foi verdade. Você matou duas pessoas, e então é capaz de matar muito mais.
-Não Mia, eu não sou capaz de te matar!
-Mas você já me matou. Matou-me por dentro, afastando para sempre pessoas muito queridas por mim.
E fez-se um silêncio total. Só se ouvia, naquele bairro inteiro, os soluços de Joh. Mas já não adiantava de nada. É como diz o ditado: Não adianta chorar sobre o leite derramado. E Mia, para agoniar ainda mais o criminoso que a fez sofrer, disse:
-Não adianta. Você deveria ter pensado em mudar antes de fazer tudo isso.
E levaram-no á prisão, no Canadá, onde foi julgado e considerado culpado. Antes de ir para a prisão mais segura do estado, onde ele ficaria por seis anos, Joh disse á Mia:
-Me desculpe. Mas, um dia irei voltar. Talvez eu saia revoltado. Talvez, tenha mais uma chance.
Por fim, Mia e Richard se casaram e tiveram uma magnífica festa de casamento. Dois anos depois veio um casal de gêmeos, Christian e Milla.
Mas, Mia e Richard não se esqueceram: Daqui a quatro anos, Jonathan poderá voltar.

Capítulo 7 - Joh

A polícia passou a procurar por imagens de Joh. Até o momento eles não sabiam nada sobre ele. A polícia chamou muitos reforços e decidiu cercar o perímetro. Mas, mesmo assim, eles não conseguiram encontrar Joh, mas acharam o galpão abandonado onde Richard, Mia e sua mãe estavam. Imediatamente eles prenderam os “capangas” de Joh e libertaram os seqüestrados. No momento em que Mia ouviu a saga da polícia e resolveu ajudar:
- O nome completo dele é Jonathan Faro Gutenberg, e ele já cometeu mais de um assassinato e pode cometer mais a qualquer momento.
- Jonathan Faro? Vou entrar em contato com a polícia do Canadá. Tenho um mau pressentimento. – E o oficial Marth, da polícia civil de Paris ligou para a 20ª Delegacia de Polícia, no Canadá e conversou com outro oficial:
-Alô?
-Vigésima Delegacia de Polícia, boa tarde. Posso ajudar?
-Coloque-me em contato com o delegado.
-Alô. Aqui quem fala é o delegado Rubens.
- Delegado, eu sou o oficial Marth, de Paris. Estamos com um grave problema. Conhece Jonathan Faro Gutenberg? Ele tem passagem pela polícia?
-Jonathan Faro? Estou á procura dele á vários meses. Ele vendia cocaína por aqui. Você tem informações do meliante?
-Ele é acusado de assassinato, parece que é a segunda vez eu ele mata alguém. Ele está em fuga, não temos como rastreá-lo.
Neste momento, Mia deu um grito:
- Espere! Eu sei uma maneira de rastreá-lo. Tenho o celular dele!
-Até mais delegado!
-Até mais. Tendo informações, entre em contato.
O policial comentou:
-Você é bem novinha, mas é esperta, Srta. Mia.
-Obrigada Marth!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Capítulo 6 - Maira

Depois de algumas semanas juntos, Mia foi junto com Richard ao aeroporto para esperar a Srta. Manuela, sua mãe, que ia visitá-la por alguns dias. Depois de ser informado de que Mia e Richard já estavam no aeroporto, Jonathan disse:
-“Mairazinha”, agora que eles estão lá, vão ser alvo fácil para nos dois, não é?
-O que você quer dizer com isso Joh?
-Ué, não íamos acabar com eles?
-Você está falando em morte? – Pergunta assustada.
-O que foi Maira? Perdeu seu instinto assassino? Pense em tudo o que ela fez, todo o mal! Em tudo que eu lhe falei!
-Eu não concordei com nada do que você disse! Tenho reiva dela, mas não sou uma pessoa vingativa! Vim á esta viagem forçada, por você! Nunca pensei que você fosse capaz de matar sua ex-esposa!

Maira desiste completamente do pacto e se levanta para mudar de lugar no avião. Passou a viagem inteira assustaa Mesmo muito irritada com o que ela achava que Mia tinha feito, ela não mataria ninguém, muito menos sua melhor amiga na infância, ela não teria coragem. Quando chegou, Jonathan seqüestrou Manuela (a mãe de Mia), Mia e Richard. Maira passou mal após o pouso do avião e foi direto ao hospital. O Dr. Roberto diz que ela precisa fazer um exame, pois ela está com indícios de gravidez. Maira ficou bastante assustada. Ela estava pensando seriamente em denunciar Joh. Ela pensou: “Eu tenho que denunciá-lo. Ele vai matar minha ex-melhor amiga, sua ex-esposa!”
Joh levanta disfarçado e vai rapidamente procurar Mia. Ele consegue seqüestrar os três: Richard, Mia e sua mãe. Ele chama seus ajudantes já preparados, que viajaram para Paris antes dele. Os ajudantes manteriam os seqüestrados enquanto Joh fugia, este era o plano. Joh foi direto para o hospital, ao encontro de Maira. Disfarçado, pelas ruas parisienses, ninguém o reconheceu e mesmo que o reconhecesse, ele não era procurado pela polícia até o momento. Chegando lá, Joh perguntou, muito simpático:
-Qual é o quarto de Maira Monteiro?
-202, senhor. O senhor chegou em uma boa hora, neste momento ela está no horário de visitas. – Disse a atendente.
-Obrigado – Respondeu com um sorriso.
E ele foi correndo pelas escadas, parou no segundo andar e procurou pelo quarto de Maira. Quando entrou, ela logo o reconheceu e disse:
- O que você veio fazer aqui? Você é muito insensível! Eu... Eu gostava de você!
- Parece que não, garotinha mal...Você me denunciou!
- Eu não...
-Não seja sínica, eu já sei que você me denunciou, ou ia me denunciar. Denúncia ou não, você tem penitência. – E com um facão, para não fazer barulho, ele cortou o pescoço da Maira, que morreu na hora. Joh fugiu o mais rápido possível, sem deixar pistas. Os médicos a encontraram morta e procuraram a perícia. A polícia tentou achar informações dele. Eles até perguntaram para a atendente do hospital que disse:
- Entrou um homem aqui, procurando pelo quarto da falecida, Maira Monteiro. Ele saiu apressado e não disse mais nada.

Capítulo 5 - Revoltas

Depois de uma noite de insônia provocada por seus pensamentos férteis, Mia correu para ver os colegas, ela precisava contar tudo que tinha feito. Ela não esperava quais seriam as reações de seus amigos...
Ela chegou um pouco mais cedo, e havia pedido para os colegas fazerem o mesmo ao ligar para eles no início da manhã. Ao chegar à escola, os três foram ao pátio e Mia começou a contá-los tudo o que havia acontecido ontem à noite. Eles ficaram muito assustados com aquilo que o palhaço havia dito e acusaram Mia de ter provocado tudo aquilo. Como ela foi capaz de colocá-los em risco? Os três podiam morrer a qualquer hora! E o pior: Mia havia assinado a sentença de morte deles! Justo Mia, a mais preocupada? Era difícil crer.
- Se eu morrer foi culpa sua! Mia! Eu não acredito... Você provocou ele? É louca? Ele pode te matar! Me matar! Matar a minha, a sua, a família de Richard! Ele sabe onde você mora, e não vai demorar a descobrir onde eu ou Richard moramos. Como você pôde se meter com esse assassino? Sempre achei que essa sua preocupação e atos impulsivos fizessem você ficar boba mesmo, mas não a esse ponto! Não a ponto de praticamente encomendar nossos caixões, falando diretamente com o assassino e apontando uma arma pra cabeça dele! Uma arma, Mia! – Disse Maira, nervosa como nunca antes Mia havia visto. Richard também estava revoltado, apesar de ter um pouco de pena de Mia, ela não podia ter feito aquilo, de maneira alguma! Colocar os três a beira da morte?
Houve uma briga feia, entre os melhores amigos, desde a infância. Esta briga abalou fortemente a amizade dos três jovens. Mesmo se sentindo culpada, mais agora do que nunca, Mia tentou se defender.
- Ah, Maira, não vem falar não! Você nunca se olhou no espelho! A impulsiva aqui sempre foi você! Mas você só vê o próprio umbigo, sempre! Só estava tentando defender o Cooper!
- Ele já morreu! E desse jeito, vamos ser os próximos.

Capítulo 4 - Ameaças

Mia estava quase ficando louca. Passou a tarde inteira sem comer, mesmo com as recomendações da enfermeira do colégio, e não parava de chorar. Se culpava mais que tudo! E pensava:
- Não vou nem precisar cometer suicídio, o jogo disse que já vou morrer mesmo! É só sentar e esperar a morte chegar. A culpa é toda minha. Eu sou uma idiota!
E passou o resto da tarde pensando no que fez, e no que aconteceu. Não atendia as ligações de Maira ou Richard, e não quis atender a porta quando Maira e sua mãe a chamaram. Ela só saiu do quarto no fim da tarde, com a ameaça dos pais de outro possível desmaio, enquanto Richard parecia querer arrombar a porta. Depois de comer o tanto que ela achava que deveria, ou seja, quase nada, como se o jejum fosse ajudá-la de alguma forma, Mia se despediu dos colegas com a afirmação de que eles não precisavam se preocupar com ela. Voltou ao quarto e ficou pensando no que poderia fazer. “É claro que foi... foi o palhaço! Eu preciso ir atrás dele, preciso correr o risco!”
Durante a noite, Mia saiu do quarto e teve atitudes e pensamentos terríveis. Ela entrou no depósito que ficava nos fundos da casa e pegou uma arma de seu pai, que era policial, e pensou: “Jamais imaginei que chegaria a este ponto, mas preciso me vingar da pessoa que matou o Cooper, mesmo correndo risco”. Sem se preocupar com mais nada, ela saiu de casa, decidida a se vingar.
Ela chegou ao local onde Cooper havia morrido e começou a chorar de novo. “Quem deve morrer? Eu, ou a pessoa que o matou? Os dois. Eu tenho tanta culpa quanto ele. Se eu matá-lo, terei de suicidar-me depois” Por um minuto presa a seus pensamentos, de repente Mia olhou para trás e viu o suposto homem que matou Cooper, o ladrão com roupa estranha a quem o jovem havia perseguido na noite anterior. Era aquele homem com uma roupa de palhaço e um sorriso malicioso. Ele estava com os olhos cravados em Mia, como se quisesse algo. Mia logo levantou a arma, aos prantos, e as palavras jorraram de sua boca abruptamente:
- Seu psicopata! Cretino! Você não tem o direito de estragar a vida de ninguém! Porque fez isso? Você é louco não é? Retardado? Tem algum problema? Só pode ser! Cooper era um menino perfeito! Você não podia... Não podia fazer o que fez!
- Calma flor, calma. Eu tenho os meus motivos, que são muito mais importantes do que o seu namoradinho aí.
- Ele não era meu namorado, mas era muito importante pra mim! Era como um irmão. Você não tem o direito de falar dele assim! A minha vida e a de meus colegas não lhe diz respeito! Quem é você afinal?
Mia só não atirou porque sua mão estava trêmula demais. O pavor, a repulsa ao rever aquele homem, misturados a raiva que ela sentia, imobilizavam-na completamente. Não podia correr, mal podia falar, não conseguia se mexer direito. Ela não teria coragem de atirar normalmente, mas com a raiva que estava passando, ela poderia ter matado aquele homem, sem pensar nas conseqüências. O palhaço disse:
- Pode me chamar de Ross, linda. Ou “meu palhaçinho querido”. Você escolhe florzinha. (risos) Mas uma coisa, bebê: Eu chamo quem eu quiser do que eu quiser! E você, florzinha, não interfira! Ou você vai ser a próxima da minha lista! Ops...
- O quê? Quem você pensa que... Volte aqui, seu maluco! Pervertido! Aonde pensa que vai? Você não vai matar mais ninguém! Você não pode...
Ele fugiu de repente, sem deixar rastros, deixando Mia furiosa. Mais furiosa ainda porque ela não conseguia correr, e nem sequer atirar no homem.
Mia ficou super abalada, parada ali por um bom tempo, pensando no que poderia fazer. “Ele quis dizer... próximas mortes?”, pensou. “A Mia e o Richard não! Droga, porque ele não me matou logo? Teria sido melhor!” Mia chegou á casa e guardou a arma do pai, depois de limpá-la, tentando remover as digitais. Pensou, com um pouco de medo, no que quase havia feito. “Ele merecia, mas... iria causar muitos problemas”. Ela se deitou, mas depois de tudo o que aconteceu, ela não iria conseguir dormir bem por um longo tempo.

Capítulo 3 - Sonhos

Mia acordou de seu pesadelo terrível. Ela havia sonhado que todos os seus amigos estavam mortos, todos assassinados a tiros pelo “palhaço”. Ela queria muito esquecer aquilo e correr pro colégio para ver seus amigos, abraçar fortemente cada um deles. Seus instintos maternos gritavam pelo nome de Cooper, e dos dois outros colegas. Se aprontou rápido e não fez questão de comer, seu apetite havia sumido tão rápido quanto sua paciência. Pegou emprestado o carro dos pais e chegou o mais rápido que pôde ao colégio.
Chegando ao Waterloo Regional High School, Mia logo encontrou Maira e Richard, que a esperavam no corredor. Mas ao entrar na sala do 2º ano A, percebeu que Cooper havia faltado na escola. Maira logo comentou que ele deveria ter ficado resfriado, correndo durante a noite fria que fora ontem.
-Não deve ser nada de mais. Deixa de ser chata, Mia! Poxa, você está parecendo o meu pai! – uma alusão um tanto quanto injusta ao pai de Maira, que era extremamente severo e preocupado.
Mia continuava preocupada e por isso não conseguiu se concentrar de maneira alguma nas três aulas tediosas que se passaram até chegar ao intervalo. Os três se sentaram numa mesa ao lado da lanchonete.
- Mia Hastings, você vai ter que comer algo.
- Eu já disse que não tenho fome, Maira! Eu até tentei ligar na casa dos pais dele, mas ninguém atendeu.
- Deve ser porque estava muito cedo. Se acalme Mi! Cadê a menina paciente e calma que você costumava ser? Precisamos dela agora.
Richard assistia a tudo calado, sem saber como confortar as duas meninas, pois também sentia o mesmo que elas, e mesmo que Maira não demonstrasse, também estava muito preocupada.
Eles não estavam prestando muita atenção, mas ouviram quando, na televisão da cantina, onde se passava o noticiário da manhã, anunciava-se que um jovem de dezesseis anos tinha sido assassinado, a facadas, a poucos quilômetros da casa de Mia. Maira sentiu um arrepio correr por sua espinha, assim como Richard. Mia ficou apavorada e começou a sentir uma estranha dor de cabeça. Pela identificação e detalhes dados no noticiário, descobriram que este jovem era mesmo Cooper Reymond, o mais novo e corajoso dos quatro amigos. Mia ficou totalmente chocada e desmaiou na hora.
Jonathan, seu namorado, havia ido buscar um lanche pra ela, mesmo a contragosto da parte da menina. Jonathan era exatamente do padrão de beleza que as meninas da escola adoravam, e Mia acabava provocando inveja às colegas pelo seu namoro duradouro com o rapaz. Louro, cabelos curtos, olhos azuis, alto e magro, ele adorava jogar rúgbi nas horas vagas. Ao ver Mia desmaiando, ele logo a apoiou e levou-a as pressas á enfermaria do W. R. High School. Depois de acordada, Mia começou a chorar desesperadamente e Jonathan tentou consolá-la dizendo:
- Calma minha flor, há algum motivo para isso, com certeza.
- Ele era um menino ótimo! Nunca fez nada a ninguém, era incapaz de maltratar qualquer pessoa. Quem ia querer fazer mal a ele? Eu preciso saber quem o matou, esta pessoa deverá ser presa. Cooper nunca fez nada de mal! Ele não merecia, não mesmo! – Disse rapidamente, quase sem voz, soluçando, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto como nunca antes visto acontecer com Mia, uma garota tão calma...
Mia pensou no jogo e recomeçou a chorar se culpando severamente pela morte de Cooper. “Quando chegar a minha casa, irei jogar aquele maldito jogo fora, queimá-lo”, pensou. “Eu poderia ter morrido ao invés dele, porque a culpa é toda minha!”
Mas também havia passado pela cabeça de Mia a hipótese de que ela e o resto de seus colegas poderiam ter o mesmo destino de Cooper. Será que um jogo pode mudar completamente o rumo da sua vida, de uma hora para outra?

Capítulo 2 - Coragem


Finalmente tinha chegado o domingo, em que o famoso encontro semanal do grupo era na casa da Mia. A cada semana eles marcavam de se encontrar em um lugar diferente. Nem sempre os encontros eram em suas respectivas casas, algumas vezes eles iam ao clube, ou ao boliche, passatempo que todos adoravam. Mas, pelo tempo frio, eles preferiram se aconchegar na casa de Mia, que possuía uma grande lareira.
Mia havia descoberto um jogo diferente e interessante numa loja de antiguidades, na esquina de sua casa. Parecia um tanto quanto ultrapassado, mas Mia se interessava por coisas místicas de tempos remotos. Ela gostava muito de descobrir coisas novas sobre o passado da humanidade.
O nome do jogo era Kamirahj. Apesar do nome, que parecia ser proveniente da Índia, dizia-se que era um jogo japonês, que tinha o poder de prever o futuro. Mia estava com um pouco de receio da reação de seus colegas em relação ao jogo, pois achava que eles não teriam tanto gosto pelo misticismo quanto ela.
Mia estava em casa, com o jogo guardado em seu armário, quando ouviu a campainha tocar. Pelo toque repentino e longo, com pausas curtas, Mia rapidamente identificou que era Maira, sem antes mesmo chegar até a sala. O que a convivência não faz?
- Finalmente, achei que você nunca iria abrir a porta. Estou congelando – disse Maira, impaciente como de costume.
 - Deixe de ser mentirosa Maira. – disse Mia abraçando sua amiga e logo avistando dois vultos ao longe. – Os meninos chegaram!
- Nunca esteve tão frio antes! – Richard disse, sem se preocupar em saudar as meninas com suas palavras, dando apenas um beijo na bochecha das duas.
Cooper já foi logo entrando:
- Vamos todos entrar, pessoal? Estou bastante ansioso para ver o que a Mi preparou.
A casa da jovem era bem simples, um pequeno sobrado de paredes verde-claras, de teto baixo. Havia vários quadros nas paredes, com pinturas muito antigas. Eles se sentaram no tapete da sala de estar, ao redor da mesa de centro que ficava ao lado da lareira enquanto Mia foi ao seu quarto buscar o jogo.
Quando ela chegou com a caixa, os outros três jovens estranharam o jogo, exatamente como Mia havia previsto.
- Que tipo de jogo é este? – disse Maira, num tom áspero, de desconfiança.
Mia contou a história e o objetivo do jogo:
- É Kamirahj, o jogo do destino. Vou explicar para vocês: Existem quadros neste tabuleiro que devem ser preenchidos em dois lados: o do bem e o lado do mal. Este objeto triangular dirá o que pode acontecer a cada um daqui pra frente. É quase como em um ouija. Peter, o cara da loja em que comprei, disse que é um jogo milenar usado por pessoas que ousam em saber o destino de suas vidas.
- Você comprou esta porcaria na velha loja do Peter? Deve ter sido feito em qualquer lugar, de 5ª categoria. Eu não acredito em destino, isso é uma besteira – retruca Richard.
Mia ignora Richard, e preenche as lacunas para que o jogo comece, com coisas boas e ruins que eles imaginavam que poderiam acometê-los.
- Acho que escrever a palavra morte é quase que obrigatório, não é? – disse Cooper, com um brilho maroto nos olhos.
- Pare com isso, Cooper! Me dá medo.
- Logo você Maira, que estava descrente de que este jogo funcionaria? Pois se você ficar com medo, pode deixar que eu te protejo – disse Cooper, com o ego inflado, cheio de coragem, mas logo após recebeu piadas dos colegas, que diziam o quanto Cooper era metido.
O jogo era composto por um objeto triangular, como um indicador das respostas, e um tabuleiro grande, com aspecto de ser muito antigo. O objeto triangular tinha uma espécie de lente no centro, como uma lupa, que ampliava a fonte da palavra em que ele, “magicamente” parava em cima. O tabuleiro do jogo tinha duas colunas, e no cabeçalho estava escrito Good e do lado oposto Evil, e ao redor havia vários símbolos místicos, assim como em um ouija, como Mia havia dito. Depois de escrever, Mia pede para que cada um deles toque no objeto triangular e concentre suas “energias” nele. Um pouco descrentes, os amigos fazem o que Mia pediu e depois todos soltam o objeto, que se mexe velozmente, como se ele fosse realmente mágico.
Os adolescentes se assustam e Richard diz:
- Estão com medo? Que medrosos vocês são. Isto nem funcionará, é mentira.
E Mia, Maira e Cooper disseram em coro:                                          - Cale a boca, Richard!
Eles não tiravam o olho do jogo. De repente o objeto começou a tremer, mas sem sair do lugar. Ele parou em um quadrado do “lado ruim”, sentenciando morte aos quatro jovens, agora ainda mais assustados. As meninas soltam gritos abafados, enquanto Richard balança a cabeça negativamente. Cooper abraça Maira, que apesar de não gostar muito das investidas dele, pelo fato de ele ser mais novo, se sente bem mais segura. Mas os quatro estão muito impressionados para dar atenção a isso, e até mesmo Richard presta mais atenção no jogo, com uma leve pontada de medo. Mia esta absurdamente assustada, mas olha pra Cooper com um pouco de ciúmes, mas são ciúmes de mãe. Ela realmente tratava Cooper como seu irmão mais novo, e por ser tão curioso e desprovido de medo algum, era o integrante do grupo com quem Mia mais se preocupava. Ela sequer quis pensar na possibilidade da morte daquelas três pessoas, as pessoas que Mia mais amava no mundo. Mas seus pressentimentos não são tão otimistas quanto seu pensamento, que agora é o mesmo que Richard tinha anteriormente: “o jogo é uma mentira, e nada vai nos acontecer”, pensou ela.
Nesse momento, eles escutam um barulho estranho vindo do jardim e observam a janela da sala ao lado da lareira, que estava fechada. Nela havia um homem com uma roupa muito esquisita, parecida com a fantasia de um palhaço, mas totalmente desbotada. Ele não parecia fazer a alegria de muitas crianças com sua expressão séria e vazia, e com uma cicatriz estranha no olho esquerdo, que parecia ser alguma ranhura de uma das lentes vermelhas que ele usava, combinadas com uma peruca com aspecto de usada, num tom avermelhado, tão desbotado quanto suas roupas.  Seu rosto retratava um completo mistério. Estava claro que ele observava os jovens há mais tempo, que de tão concentrados no jogo nem notaram a presença de mais alguém ali. O que ele poderia querer? Porque estava vestido daquela forma? Seria alguma brincadeira de mau gosto? Quando o “palhaço misterioso” começou a ameaçar uma fuga, Cooper se levanta e diz:
- Eu vou atrás dele, antes que este “engraçadinho” fuja. De palhaço ele não tem nada, só pode ser alguém querendo pregar alguma peça na gente, se divertir as nossas custas!
Maira insistiu para que ele não fosse:
- Cooper, não! Pode ser perigoso, ele pode ter uma arma, pode ser um ladrão!
- E está muito frio lá fora, você pode se resfriar! – Completou Mia, com sua preocupação ainda mais aflorada.
Mas Cooper era muito teimoso. Não deu ouvidos á nenhuma das duas e, querendo fazer papel de “o corajoso, apesar de ser mais novo”, saiu pela porta dos fundos. Mia disse com a voz trêmula, totalmente assustada:
- Meu Deus, o que será do Cooper agora?
- Vai atrás dele, Richard! – disse Maira, tão assustada quanto Mia.
- O Cooper não é mais um bebê! Ele sabe muito bem se cuidar sozinho! E além do mais, que riscos uma pessoa com roupas de palhaço pode trazer?
- Vai agora Richard! – esbravejou Maira, com um olhar fulminante em direção a Richard.
- Tudo bem.
Ele caminhou pelos arredores da casa, mas não viu nenhum sinal do garoto ou mesmo do palhaço. Nenhuma pegada, nada. Depois de uns 10 minutos procurando sem obter nenhum resultado, Richard disse:
- Ele deve ter ido pra casa, e nos deixou aqui esperando. Por favor, não fiquem preocupadas, vocês sabem como o Cooper é esperto. Bom, eu também preciso ir – E os amigos se despedem, pois apesar do medo, concordam com a afirmação de Richard.
Mia, exercendo mais do que nunca seu papel de “mãe”, duvidava muito desta hipótese e achava que poderia ter acontecido algo com ele, até muito grave. Mas logo depois pensou:
-Eu confio no Cooper. Ele é um bom garoto - E foi dormir.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Capítulo 1 - Doce inverno


Estava fazendo um frio terrível naquela que era a primeira noite de inverno do ano. Na bela cidade ao sul do Canadá, mais precisamente ao sul de Ontário, os habitantes já estavam acostumados à queda súbita de temperatura nesta época do ano.
Num bairro comum da cidade de Cambridge, moravam quatro jovens: Mia, Maira, Richard e Cooper. Os quatro jovens estudantes sempre se encontravam um na casa do outro.
Mia era a segunda mais velha, com 17 anos e meio, e a mais quieta também. De estatura mediana comparada as garotas de sua idade, com cabelos avermelhados, em uma tintura recente, contrastando melhor com sua pele olivácea do que seus naturais cabelos castanhos. Seus olhos azuis bem escuros, lábios grossos e rosados, e um rosto fino e oval completavam o conjunto que fazia de Mia uma das meninas mais bonitas da escola. Super protetora, Mia agia para com o grupo como se fosse uma mãe. Sempre foi uma pessoa boa, justa e confiável, incapaz de machucar qualquer ser.
Maira tinha a mesma idade de Mia, 17, porém era bem diferente da personalidade e aparência de sua colega, apesar de serem boas amigas desde a infância. Seus cabelos curtos e louros envoltos em cachos grandes e pesados formavam um belo conjunto, misturados a um par de olhos castanho-escuros e uma pele branca e uniforme, sem manchas, espinhas ou marcas de expressão, a não ser por suas covinhas acentuadas, ressaltadas sempre que Maira esboçava um pequeno sorriso. Invocada, ambiciosa e mandona, Maira estava sempre preocupada com sua beleza, mas era uma pessoa de bom coração. Ela sempre dizia o que pensava, e em muitas vezes agia por impulso.
 Richard era o mais velho, com 18 anos. Tinha músculos acentuados pela prática de esportes e alimentação balanceada, chegando a se preocupar com a própria aparência quase tanto como Maira. Possuía um cabelo bem curto em um tom bem escuro de castanho, quase preto, que se misturavam a cor de seus olhos, que era quase a mesma. Fazia muito sucesso entre as garotas da escola. Ele era sempre contra tudo, e sempre foi o melhor no time de beisebol. Também era uma boa pessoa e gostava muito de festas.
Cooper era o mais estudioso e tirava notas ótimas no colégio. Seus cabelos tinham um tom bem claro de louro, contrastando perfeitamente com seus olhos verdes. Ele era baixo e esguio, mas não dava a mínima para sua altura. Gostava muito de tecnologia e sempre estava disposto a ajudar a todos. Era também o mais corajoso, apesar de ser o mais novo do grupo, com apenas dezesseis anos de idade.
Eles haviam marcado naquela noite fria de sexta-feira de se encontrarem na casa de Mia no domingo, que disse que iria preparar uma surpresa especial para todos eles. Descrentes de que seria algo muito divertido, os amigos caçoaram da colega com frases como “Vê se não apronta hein Mia?” ou “Não quero jogar Monopoly de novo hein!”.
Mas Mia tinha uma idéia bem diferente, que poderia agradar – ou não – a seus amigos exigentes.