Mia acordou de seu pesadelo terrível. Ela havia sonhado que todos os seus amigos estavam mortos, todos assassinados a tiros pelo “palhaço”. Ela queria muito esquecer aquilo e correr pro colégio para ver seus amigos, abraçar fortemente cada um deles. Seus instintos maternos gritavam pelo nome de Cooper, e dos dois outros colegas. Se aprontou rápido e não fez questão de comer, seu apetite havia sumido tão rápido quanto sua paciência. Pegou emprestado o carro dos pais e chegou o mais rápido que pôde ao colégio.
Chegando ao Waterloo Regional High School, Mia logo encontrou Maira e Richard, que a esperavam no corredor. Mas ao entrar na sala do 2º ano A, percebeu que Cooper havia faltado na escola. Maira logo comentou que ele deveria ter ficado resfriado, correndo durante a noite fria que fora ontem.
-Não deve ser nada de mais. Deixa de ser chata, Mia! Poxa, você está parecendo o meu pai! – uma alusão um tanto quanto injusta ao pai de Maira, que era extremamente severo e preocupado.
Mia continuava preocupada e por isso não conseguiu se concentrar de maneira alguma nas três aulas tediosas que se passaram até chegar ao intervalo. Os três se sentaram numa mesa ao lado da lanchonete.
- Mia Hastings, você vai ter que comer algo.
- Eu já disse que não tenho fome, Maira! Eu até tentei ligar na casa dos pais dele, mas ninguém atendeu.
- Deve ser porque estava muito cedo. Se acalme Mi! Cadê a menina paciente e calma que você costumava ser? Precisamos dela agora.
Richard assistia a tudo calado, sem saber como confortar as duas meninas, pois também sentia o mesmo que elas, e mesmo que Maira não demonstrasse, também estava muito preocupada.
Eles não estavam prestando muita atenção, mas ouviram quando, na televisão da cantina, onde se passava o noticiário da manhã, anunciava-se que um jovem de dezesseis anos tinha sido assassinado, a facadas, a poucos quilômetros da casa de Mia. Maira sentiu um arrepio correr por sua espinha, assim como Richard. Mia ficou apavorada e começou a sentir uma estranha dor de cabeça. Pela identificação e detalhes dados no noticiário, descobriram que este jovem era mesmo Cooper Reymond, o mais novo e corajoso dos quatro amigos. Mia ficou totalmente chocada e desmaiou na hora.
Jonathan, seu namorado, havia ido buscar um lanche pra ela, mesmo a contragosto da parte da menina. Jonathan era exatamente do padrão de beleza que as meninas da escola adoravam, e Mia acabava provocando inveja às colegas pelo seu namoro duradouro com o rapaz. Louro, cabelos curtos, olhos azuis, alto e magro, ele adorava jogar rúgbi nas horas vagas. Ao ver Mia desmaiando, ele logo a apoiou e levou-a as pressas á enfermaria do W. R. High School. Depois de acordada, Mia começou a chorar desesperadamente e Jonathan tentou consolá-la dizendo:
- Calma minha flor, há algum motivo para isso, com certeza.
- Ele era um menino ótimo! Nunca fez nada a ninguém, era incapaz de maltratar qualquer pessoa. Quem ia querer fazer mal a ele? Eu preciso saber quem o matou, esta pessoa deverá ser presa. Cooper nunca fez nada de mal! Ele não merecia, não mesmo! – Disse rapidamente, quase sem voz, soluçando, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto como nunca antes visto acontecer com Mia, uma garota tão calma...
Mia pensou no jogo e recomeçou a chorar se culpando severamente pela morte de Cooper. “Quando chegar a minha casa, irei jogar aquele maldito jogo fora, queimá-lo”, pensou. “Eu poderia ter morrido ao invés dele, porque a culpa é toda minha!”
Mas também havia passado pela cabeça de Mia a hipótese de que ela e o resto de seus colegas poderiam ter o mesmo destino de Cooper. Será que um jogo pode mudar completamente o rumo da sua vida, de uma hora para outra?
Nenhum comentário:
Postar um comentário