sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Capítulo 4 - Ameaças

Mia estava quase ficando louca. Passou a tarde inteira sem comer, mesmo com as recomendações da enfermeira do colégio, e não parava de chorar. Se culpava mais que tudo! E pensava:
- Não vou nem precisar cometer suicídio, o jogo disse que já vou morrer mesmo! É só sentar e esperar a morte chegar. A culpa é toda minha. Eu sou uma idiota!
E passou o resto da tarde pensando no que fez, e no que aconteceu. Não atendia as ligações de Maira ou Richard, e não quis atender a porta quando Maira e sua mãe a chamaram. Ela só saiu do quarto no fim da tarde, com a ameaça dos pais de outro possível desmaio, enquanto Richard parecia querer arrombar a porta. Depois de comer o tanto que ela achava que deveria, ou seja, quase nada, como se o jejum fosse ajudá-la de alguma forma, Mia se despediu dos colegas com a afirmação de que eles não precisavam se preocupar com ela. Voltou ao quarto e ficou pensando no que poderia fazer. “É claro que foi... foi o palhaço! Eu preciso ir atrás dele, preciso correr o risco!”
Durante a noite, Mia saiu do quarto e teve atitudes e pensamentos terríveis. Ela entrou no depósito que ficava nos fundos da casa e pegou uma arma de seu pai, que era policial, e pensou: “Jamais imaginei que chegaria a este ponto, mas preciso me vingar da pessoa que matou o Cooper, mesmo correndo risco”. Sem se preocupar com mais nada, ela saiu de casa, decidida a se vingar.
Ela chegou ao local onde Cooper havia morrido e começou a chorar de novo. “Quem deve morrer? Eu, ou a pessoa que o matou? Os dois. Eu tenho tanta culpa quanto ele. Se eu matá-lo, terei de suicidar-me depois” Por um minuto presa a seus pensamentos, de repente Mia olhou para trás e viu o suposto homem que matou Cooper, o ladrão com roupa estranha a quem o jovem havia perseguido na noite anterior. Era aquele homem com uma roupa de palhaço e um sorriso malicioso. Ele estava com os olhos cravados em Mia, como se quisesse algo. Mia logo levantou a arma, aos prantos, e as palavras jorraram de sua boca abruptamente:
- Seu psicopata! Cretino! Você não tem o direito de estragar a vida de ninguém! Porque fez isso? Você é louco não é? Retardado? Tem algum problema? Só pode ser! Cooper era um menino perfeito! Você não podia... Não podia fazer o que fez!
- Calma flor, calma. Eu tenho os meus motivos, que são muito mais importantes do que o seu namoradinho aí.
- Ele não era meu namorado, mas era muito importante pra mim! Era como um irmão. Você não tem o direito de falar dele assim! A minha vida e a de meus colegas não lhe diz respeito! Quem é você afinal?
Mia só não atirou porque sua mão estava trêmula demais. O pavor, a repulsa ao rever aquele homem, misturados a raiva que ela sentia, imobilizavam-na completamente. Não podia correr, mal podia falar, não conseguia se mexer direito. Ela não teria coragem de atirar normalmente, mas com a raiva que estava passando, ela poderia ter matado aquele homem, sem pensar nas conseqüências. O palhaço disse:
- Pode me chamar de Ross, linda. Ou “meu palhaçinho querido”. Você escolhe florzinha. (risos) Mas uma coisa, bebê: Eu chamo quem eu quiser do que eu quiser! E você, florzinha, não interfira! Ou você vai ser a próxima da minha lista! Ops...
- O quê? Quem você pensa que... Volte aqui, seu maluco! Pervertido! Aonde pensa que vai? Você não vai matar mais ninguém! Você não pode...
Ele fugiu de repente, sem deixar rastros, deixando Mia furiosa. Mais furiosa ainda porque ela não conseguia correr, e nem sequer atirar no homem.
Mia ficou super abalada, parada ali por um bom tempo, pensando no que poderia fazer. “Ele quis dizer... próximas mortes?”, pensou. “A Mia e o Richard não! Droga, porque ele não me matou logo? Teria sido melhor!” Mia chegou á casa e guardou a arma do pai, depois de limpá-la, tentando remover as digitais. Pensou, com um pouco de medo, no que quase havia feito. “Ele merecia, mas... iria causar muitos problemas”. Ela se deitou, mas depois de tudo o que aconteceu, ela não iria conseguir dormir bem por um longo tempo.

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